Sigmund Freud afirmou que duas descobertas científicas afetaram drasticamente a psicologia do ser humano: que a Terra não é o centro do Universo e que nós estamos na face do planeta há apenas uma pequena fração de tempo. Aparentemente, a nossa espécie está longe de ser bem "desenhada". Exemplos não faltam, como o sistema reprodutor masculino, um órgão tão sensível e totalmente exposto, nos elefantes por exemplo, isso não acontece!. Mais um, a nossa coluna vertebral que não foi planejada para ficar na posição vertical e isso significa que as vértebras inferiores têm de suportar muito peso e várias forças. Outro exemplo mais notório de má concepção do corpo humano é a garganta, pois as condutas que transportam os alimentos e o ar misturam-se de forma muito perigosa em alguns pontos do nosso organismo, sendo a faringe o ponto mais crítico. Mais defeitos? O olho humano é também um exemplo de um erro evolutivo e o problema é que, no ponto em que o nervo ótico atravessa a retina, não existem fotorreceptores, o que significa que todos nós temos um ponto cego em cada olho e isso não acontece nos polvos!. Estes são apenas alguns exemplos de design não inteligente no nosso organismo, mas a lista é longa: o canal de parto, a multiplicidade de ossos em pés relativamente inflexíveis, o mecanismo de coagulação do sangue, o genoma humano, etc. E finalmente chegamos em nosso cérebro! Será que ele é perfeição pura? Claro que não também! O cérebro reptiliano Desde os primórdios da vida, os seres unicelulares vagavam por um vasto oceano absorvendo alimentos. Com a evolução do tempo, este ser unicelular resolveu que ter mais células, traria mais eficiência do ponto de vista energético. Mas naqueles tempos sempre era uma competição sem tamanho, onde viver ou morrer era quase uma obra do acaso. Mas isto não era inteligente… Como resolver isto? Surge então uma estrutura simples, um agrupamento de células nervosas de controle de movimento e muito tempo depois na extremidade, um agrupamento maior de células para dar direção ao movimento. Pronto! Está criado o cérebro reptiliano (tronco e cerebelo) que opera os reflexos e funções instintivas como as funções vitais do corpo e em seguida os comportamentos sexuais, também responsável por comportamentos de agressão, domínio, territorialidade e exibição ritual. Sabe quando você tem uma raiva incontrolável e acaba fazendo ou falando alguma besteira e depois se arrepende de tanta agressividade? A culpa é dele! O cérebro límbico Na sopa oceânica da vida, todos se comiam, uns aos outros, até da mesma espécie!. Mas isto não era inteligente… Como resolver isto? Bom, a senhora evolução resolver adicionar um puxadinho no cérebro, uma capa que recobriria o cérebro reptiliano, com novas funções. Está criado o cérebro límbico (hipocampo, a amígdala e o hipotálamo) e ele basicamente adicionou as emoções ao sistema. O cérebro límbico lida com a vinculação familiar e a criação da prole, capaz de gravar memórias de comportamentos que produzem experiências positivas e negativas. Agora um indivíduo não comerá o próximo da mesma espécie (que bom!) e de quebra dá para viver socialmente, em bandos, matilhas, cardumes… Chora demais? Briga demais? Reclama demais? Feliz demais? Gratidão demais? Tudo o que você sente, todas as suas emoções, como reage à vida, está ligado a esta estrutura. O cérebro racional Aí aconteceu um super milagre na evolução, apareceu um segundo puxadinho, cobrindo o anterior. Uma capa (córtex = capa ou camada) chamada Neocórtex. A terceira camada é uma estrutura evolutivamente moderna, que culminou no atual cérebro humano (somente na nossa espécie). É responsável pelo desenvolvimento da linguagem, pensamento abstrato, imaginação e pensamento consciente. Este plus cerebral, é a parte mais cara do cérebro. Além de ser um freio de mão para o raivoso cérebro reptiliano e o melindroso cérebro límbico, ele é quem coloca ordem na casa, que faz as coisas acontecerem!. Ele não evoluiu até aqui para armazenar informações mas sim compará-las. No seu dia a dia esta super máquina precisa estar livre, leve e solta para realizar tudo aquilo que você deseja. Dica: Se você ficar com muita raiva ou muito emotivo, pense apenas isto: esse sou eu com raiva, este sou eu emotivo. Ter um “observador” do pensamento já traz as próximas ações para o neocórtex refletir e resolver de forma mais eficiente. Podemos muito bem explicar a nossa espécie (e o nosso cérebro) como o resultado de processos evolutivos que estão longe de ser uma concepção inteligente. No Homo sapiens atuaram as mesmas forças que em qualquer outra espécie que tenha existido ou exista: seleção natural, deriva genética e hibridação. Conhecer para compreender e utilizar melhor este órgão incrível é o mínimo que podemos fazer para agradecer a senhora evolução por ter nos dado um presente inacreditável.
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Sivio FreeMinderSou formado em engenharia e empreendedor nas áreas de Tecnologia da Informação, Turismo de Aventura e Reflorestamento Social. Além disso, atuo em iniciativas de preservação ambiental. Também sou professor e mentor no método Be a FreeMinder® e atuo como coach e professor no método Free Mind On The Clouds. Histórico
Outubro 2024
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